A violência cometida contra mulheres no âmbito doméstico e a violência sexual são fenômenos sociais e culturais ainda cercados pelo silêncio e pela dor. Políticas públicas específicas que incluem a prevenção e a atenção integral são fatores que podem proporcionar o empoderamento, ou seja, o fortalecimento das práticas autopositivas e do coletivo feminino no enfrentamento da violência no Brasil.
Instalada há um ano e cinco meses em Tapejara, a Casa Rosa é uma referência às mulheres que são vítimas de qualquer tipo de violência. Durante este tempo de atuação foram registrados cerca de 600 atendimentos e, destes 60% são relacionados à violência.
De acordo com a coordenadora da Casa, advogada Mariana Barizon, assim que o trabalho foi implantado na cidade, as mulheres ficavam tímidas em procurar ajuda, mas hoje já se sentem à vontade pois sabem que o trabalho é sigiloso. "Atendemos uma média de oito casos por semana, nesta área", conta.
Mariana explica que as mulheres que procuram ajuda não se encaixam num único perfil. "Já atendemos mulheres de todas as classes sociais, dependentes ou independentes financeiramente", frisa. Já os homens agressores, na maioria das vezes são maridos ou namorados das vítimas, embora tenha casos em que os próprios filhos agridem as mães. Também são maioria os viciados em álcool ou drogas que cometem este tipo de crime.
As mulheres que procuram a Casa Rosa passam por uma triagem, avaliação psicológica e assistencial. "Notamos que a maioria quer uma ajuda para reconstruir a família. Elas acreditam que o agressor possa mudar e por isso não recorrem ao registro de Boletim de Ocorrência. E a nós cabe respeitar a decisão de cada uma", diz a advogada. Quando a situação se encaminha para um divórcio, as vítimas que têm situação financeira estável são encaminhadas para a OAB a fim de que contratem um advogada. As carentes são atendidas pela advogada da Casa Rosa ou pela Defensoria Pública. Nos casos em que há tentativa de reconciliação, os agressores também são notificados a comparecer na Casa para uma avaliação. Mariana salienta que a maioria deles nega que agride a esposa e não reconhece ser dependente de álcool ou drogas ilícitas. "Outro fator que nos chama muita atenção é que as famílias que sofrem com este tipo de ocorrência estão desestruturadas, sem fé e não seguem religião alguma. Nas conversas que proporcionamos tentamos aconselhar o casal a frequentar alguma igreja com a qual se identifiquem, independente da denominação", disse.
A advogada alerta as mulheres que sofrem qualquer tipo de violência a tomarem algumas atitudes: manter a calma nos momentos de discussão, ignorar provocações e procurar auxílio na Casa Rosa, localizada em frente a Biblioteca Pública.
Todas as quartas-feiras, às 16 horas, são realizadas reuniões com grupo de apoio às vítimas e orientações de uma psicóloga.
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