quarta-feira, 23 de maio de 2012
Segurança Pública: falta de efetivo policial exige mais cuidados da população
“No primeiro momento a gente sente medo. É horrível a sensação de que alguém entrou na sua casa, vasculhou nos seus pertences e levou o que você comprou com muito esforço ou o que talvez nem seja tão caro, mas que tinha valor sentimental. Depois você sente raiva. É difícil aceitar que um marginal causou um transtorno na sua vida. Em seguida vem a sensação de impotência, não há nada a fazer. Sem pistas, dificilmente os objetos serão recuperados. E, por incrível que pareça, vem o sentimento de culpa. Me senti culpada, talvez eu que não tenha tomado cuidado e mais medidas de segurança.” Este é o depoimento de uma vítima de furto, ocorrido em Tapejara, nos últimos dias. Sua casa foi arrombada e vários objetos de fácil transporte (celular, notebook, dinheiro, jóias) foram levados.
Nos últimos dias, a segurança pública tem sido um tema bastante discutido no município, seja em roda de amigos, reuniões entre autoridades ou um simples bate papo entre vizinhos. O que gera tantos comentários são os últimos ocorridos: assaltos, roubos qualificados e vários furtos.
A violência cresce em Tapejara à medida em que o município desenvolve-se economicamente, assim como acontece em todo o país. Mas isso não significa que a população deve cruzar os braços e esperar pelos crimes. Pelo contrário, diversas medidas podem ser tomadas pelas autoridades e moradores.
Brigada Militar
Para o comandante da Brigada Militar, capitão Leudimar, há uma grande sensação de impunidade no Brasil. Segundo ele, muitos crimes se tornaram passíveis de fiança, o que permite aos criminosos que paguem a quantia arbitrada e voltem à prática. O comandante reconhece que o efetivo da BM no município é deficiente. “Temos um déficit de 43% no número de policiais. Uma mobilização para solicitar mais militares seria muito bem vinda”, informou. Ele frisa, ainda, que é preciso haver uma mudança de atitude das pessoas com relação à segurança. “Os moradores de Tapejara devem entender que os criminosos estão atentos para agir, por isso devem redobrar a atenção”, explicou.
O que preocupa o comando, além da onda de furtos, é o trânsito. De acordo com informações do capitão, o número de veículos que circula por Tapejara cresceu muito nos últimos anos. Com isso, aumentaram o número de infrações e acidentes.
Corpo de Bombeiros
Também é o trânsito a maior preocupação do Corpo de Bombeiros Voluntários, de acordo com o comandante Mauro Dallagasperina. Ele explica que Tapejara tem um grande número de veículos em circulação, o que aumenta consideravelmente o número de acidentes socorridos pelos bombeiros. Este tipo de atendimento soma 11,60% das ocorrências, divididas em cerca de 27 categorias, ficando atrás somente de remoção para hospital (20,13%) e atendimento pré-hospitalar (16,81%). Mauro entende que é necessário haver uma mobilização em Tapejara em busca de melhorias na segurança pública.
O Corpo de Bombeiros possui 22 voluntários aptos a atender ocorrências em geral, atuando nos municípios de Tapejara, Vila Lângaro, Santa Cecília do Sul, Água Santa e Ibiaçá. A instituição é mantida com doações da comunidade e poder público.
Polícia Civil
A Poilícia Civil de Tapejara está sendo comandada pela delegada substituta Karolina Goulart. Mesmo não sendo titular, ela pemanece mais tempo em Tapejara que em Ciríaco, outro município em que atua. “A falta de um titular no município não está comprometendo os trabalhos porque estou aqui quatro vezes por semana para atender a demanda”, explica. Porém, ela concorda que o efetivo é carente para atender a necessidade. “Temos a sorte de ter pessoas comprometidas e eficientes nesta Delegacia, o que permite o andamento às investigações e soluções de crimes”, frisou.
Para a delegada, o aumento no número de crimes não é uma exclusividade de Tapejara e sim algo que acontece no Brasil inteiro. Segundo ela, os criminosos escolhem municípios pequenos em função dos grandes centros estarem mais preparados na questão policial. “Sabemos que os roubos qualificados são, na maioria das vezes, praticados por pessoas de outras cidades que vêm, analisam o comportamento da população, planejam, executam e fogem. Quanto aos pequenos furtos, eles são praticados por usuários de drogas que roubam para manter o vício”, explicou.
A delegada esclarece que os criminosos agem na desatenção da vítima, por isso é importante que a população passe a adotar medidas de prevenção aos assaltos e roubos como prática diária. Ela concorda que a legislação deveria aplicar penas mais duras para alguns tipos de crimes. “A lei peca ao permitir fiança para furtos, por exemplo. A impressão que passa à sociedade é que a polícia civil não quer manter encarcerado o ladrão que foi preso pela militar. Mas não é essa a realidade: estamos aqui para cumprir a lei e ela permite isso”, frisou.
Poder Público
A segurança pública é uma preocupação também da administração municipal. De acordo com o prefeito Seger Menegaz, desde que assumiu a prefeitura em 2009, ele busca soluções para esta área. “Nossa primeira reivindicação foi por um delegado titular, que antes não tínhamos. Sempre estamos em contato com a Secretaria de Segurança Pública para solicitar melhorias e aumento no efetivo policial. Também dispomos alguns incentivos aos policiais, no programa habitacional”, disse. O poder público municipal também chegou a desenvolver projetos, através do Consepro, dando incentivos para a polícia civil e militar, visando estimular a vinda e permanência de profissionais da segurança pública no mmunicípio, mas por determinação do Tribunal de Contas os benefícios foram cancelados.
Para estimular o debate e buscar medidas de solução, a prefeitura estará promovendo o 1º Fórum Municipal de Segurança Pública, no dia 31 de maio, no Centro de Eventos José Maria Vigo da Silveira, a partir das 19 horas.
O objetivo é ouvir a opinião de todos os segmentos sociais e órgãos responsáveis, promovendo o debate público sobre temas centrais da sociedade, no que se refere à segurança global das pessoas. Participarão deste evento, os poderes executivo, legislativo e judiciário, Brigada Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Consepro. “É uma maneira de estarmos ouvindo a população, os poderes e os profissionais de segurança pública, para adotar medidas e reivindicações”, finalizou o prefeito.
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