quinta-feira, 11 de julho de 2013

Os problemas da segurança pública em Tapejara

 
Furtos qualificados, roubos, assaltos a mão armada, pessoas sendo feitas reféns. Esses crimes passaram a fazer parte do cotidiano de Tapejara, deixando toda a população assustada, já que eram raros na região.

A questão da segurança pública passou a ser considerada problema fundamental e principal desafio. Por isso, na sessão da Câmara de Vereadores da segunda-feira (1º), o comandante do Pelotão da Brigada Miltar, Capitão Leodimar Machado e o delegado de Polícia Civil Vinicios De Martini, ocuparam a Tribuna para falar dos trabalhos e esclarecer dúvidas dos vereadores com relação ao aumento da criminalidade e soluções para combatê-la.

De acordo com as ocorrências registradas pela Brigada Militar, a criminalidade cresceu muito neste ano. Em 2012, os acidentes de trânsito sem lesões ocuparam o topo dos registros, seguidos pelos futos e pelos acidentes com lesões. Em 2013, os acidentes continuam em 1º lugar, em 2º estão os furtos e em 3º os crimes que se enquadram na lei Maria da Penha.

O capitão Leodimar afirma que houve um aumento de 64% nas prisões efetuadas, de 2012 para 2013. "No ano passado efetuamos 154 prisões. Neste ano, já ultrapasaam 100", disse.

O comandante justifica o aumento na criminalidade com a flexibilização da Lei, onde diversos crimes tornaram-se fiançáveis. "Temos sete tapejarenses em prisão domiciliar e a maioria deles é constante reicidente nos crimes", frisou.

Entre as principais dificuldades que a BM enfrenta, ele cita: as alterações na Lei; o quadro organizacional da Brigada em desacordo com a realidade; viaturas antigas para policiamento; déficit de efetivo; e folgas da Policia Civil nos finais de semana, onde a Brigada conta com o apoio apenas da Equipe Volante da PC.

Leodimar também apresentou, na tribuna da Câmara, os principais serviços realizados: formaturas do Proerd; aumento no atendimento de ocorrências via 190; operações policiais na madrugada; operações com barreiras; em 2012, recolhimento de 198 veículos e em 2013, 113 veículos.

"Uso de drogas fomenta demais crimes", esclarece delegado

Utilizando a tribuna da Câmara, o delegado Vinicios De Martini esclareceu que a Polícia Civil atua na solução de crimes, ou seja, o trabalho inicia depois que os crimes aconteceram. Há cinco meses em Tapejara, ele salienta que trabalhos importantes foram realizados, mesmo sendo reduzido o efetivo policial.

Na opinião do delegado, o uso de drogas fomenta a maioria dos crimes que assombram o município. "Verificamos que estes furtos que vêm ocorrendo são, na maioria, para satisfazer o consumo de drogas, onde os objetos furtados são trocados por entorpecentes", disse. Nesse sentido, a Polícia Civil realizou grandes operações para combater o tráfico. Um dos destaques foi a prisão de três traficantes que portavam 18 kg de maconha, sendo a maior apreensão já realizada em Tapejara. "Ao contrário do que muita gente diz, a maconha não é leve. Ela incomoda sim e enquanto houver usuários vai haver traficantes e, consequentemente, crimes", falou.

Assim como a Brigada Militar, a Polícia Civil também enfrenta dificuldades no trabalho. "O efetivo é reduzido, mas a equipe é comprometida", frisou o delegado. Ele esclarece que o número de aposentados é maior que o número de ativos no Estado, pois a Legislação estabelece vários privilégios para a aposentadoria de policiais. A aquisição de uma nova viatura também auxiliaria nos trabalhos. De acordo com De Martini, a viatura precisa ser discreta para serviços a paisana e obedecer normas de carro policial, o que resultaria num investimento de cerca de R$ 60 mil. "Infelizmente o Estado lavou as mãos com sentido a novas viaturas. Essa aquisição seria possível através de consulta popular ou doação ao GAP (Grupo de Apoio à Polícia Civil), que então repassaria à Delegacia", informou.

Brigada Militar diz que equipe volante prejudica trabalhos

A partir das 18h30 até às 8h30 todas as ocorrências policiais atendidas pela Brigada, que demandam flagrante, são passadas para uma equipe volante da Polícia Civil, que atende a região. Esta equipe atende o perímetro que abrange todos os municípios que estão entre Guaporé e Tapejara.

De acordo com o capitão Leodimar, isso dificulta o trabalho realizado na segurança pública. "Quando realizamos alguma prisão, somos obrigados a esperar a volante chegar. Sendo assim, dependendo da situação, deixamos de atender outras ocorrências", explicou. Ele citou o caso de uma motocicleta, abordada numa operação, que estava com a numeração do chassi raspada, levando a desconfiar que o condutor seria um possível receptador e, em contato com a equipe volante, foi dada a ordem de liberar a pessoa porque não seria possivel se dirigir a Tapejara para registrar o flagrante.

O delegado De Martini justifica que muitos foram os motivos que levaram a Polícia a trabalhar neste sistema e garante que nenhuma ocorrência passa "batida". "Infelizmente aguardar a volante faz parte do jogo".




Videomonitoramento


Uma das medidas anunciadas pelo poder público para aumentar a segurança em Tapejara é a instalação de câmeras de videomonitoramento em pontos estratégicos da cidade.

Deverão ser instaladas 13 câmeras que serão monitoradas pela Brigada Militar. De acordo com o comandante Leodimar, a medida é viável para inibir crimes e será um auxílio na identificação de infratores. Porém, a eficácia esbarra no defasado número de policiais, pois o mesmo que cuidará das filmagens, também fará outros serviços internos no quartel. "Neste caso, os flagrantes nem sempre serão registrados, mas acreditamos que as cameras funcionarão como inibidor dos crimes, principalmente", salientou.

O problema da segurança, portanto, não pode mais estar apenas adstrito ao repertório tradicional do direito e das instituições da justiça, particularmente, da justiça criminal, presídios e polícia. Evidentemente, as soluções devem passar pelo fortalecimento da capacidade do Estado em gerir a violência, pela retomada da capacidade gerencial no âmbito das políticas públicas de segurança, mas também devem passar pelo alongamento dos pontos de contato das instituições públicas com a sociedade civil e com a produção acadêmica mais relevante à área.

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