sexta-feira, 9 de março de 2012

Casa Rosa: apoio e orientação às mulheres vítimas de injustiças


No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Nesta data não se pretende apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
Em Tapejara, a referência de apoio às mulheres na reivindicação por seus direitos é a Casa Rosa, inaugurada em outubro de 2011. De acordo com a coordenadora Mariana Barizon Zucchi, o objetivo principal do local é o aconselhamento e esclarecimento de dúvidas. “Estamos aqui para conhecer os problemas das mulheres que nos procuram e encaminhá-las aos setores competentes”, explicou. Mas, na prática não é isso que vem acontecendo. Muitas mulheres procuram a Casa Rosa esperando a solução imediata do que lhes aflige, seja problema de saúde, violência doméstica, dificuldade financeira ou até mesmo a falta de um lar. “Confundem o nosso projeto com um abrigo, mas aqui não temos espaço físico nem estrutura pessoal para acolher pessoas”, enfatizou a assessora Meridiana Perera, responsável pelo primeiro contato e triagem das pessoas que procuram a Casa.
O espaço, que realiza cerca de 40 atendimentos por mês, prova assim que é mais um acerto da Administração Municipal. A maior procura está relacionada à violência doméstica, causada pelo uso de drogas e álcool. Quando não há dependência química, os atritos têm como fato gerador as crises financeiras que se estabelecem na família. “A maioria das mulheres ainda teme procurar a Delegacia. Procuramos aqui dar toda a orientação de como se deve agir, à vezes até fizemos uma reunião de conciliação, e sempre encaminhamos as vítimas para atendimento psicológico. Também oferecemos opções para melhorar a autoestima das mulheres, através de cursos de aperfeiçoamento que podem levá-las a conseguir um emprego e, em muitos casos, intercedemos para que os homens consigam um trabalho com melhor remuneração”, conta Mariana. De acordo com os relatórios da Casa Rosa, os casos atendidos têm evoluído para uma solução, seja a conciliação do casal, a aceitação de tratamento pelo dependente, ou até mesmo a separação. “Não estamos aqui para induzir as mulheres a tomar esta ou aquela decisão. A separação de um casal não é encarada como uma frustração. Quando ambos não estão bem e a relação está desgastada, passa a ser uma solução”, disse a coordenadora.
Dos atendimentos realizados, todas as classes sociais estão inseridas, 30% da classe alta, 20% da média e 50% da baixa. A classe média é a que melhor resolve os problemas, porque geralmente a mulher trabalha fora e tem condições de sobreviver sem a companhia de um agressor. Já na classe alta, o envolvimento de bens pesa na hora de uma decisão. E na baixa, a família geralmente é sustentada pelo agressor.
O que se constata é que nos casos de agressão, existem outras vítimas, além da mulher: os filhos sofrem calados a dor de ver a mãe sendo agredida. É algo que reflete na formação da criança. Por isso está sendo elaborado um projeto para ser aplicado nas escolas da cidade. Professores e demais funcionários das instituições de ensino receberão um treinamento para saber como receber as crianças de famílias com diagnóstico de violência doméstica e também para identificar os problemas que acontecem no lar. “Nosso público-alvo é a mulher, mas estamos muito preocupados com as crianças que absorvem tudo o que acontece no lar”, finalizou Mariana.
A Casa Rosa está localizada na Rua Coronel Gervásio, 506, em frente a Biblioteca Pública. Atende das 8 às 12 horas e das 13h30 às 17h30.

Nenhum comentário:

Postar um comentário