sexta-feira, 23 de março de 2012

Como as religiões definem a quaresma



A Bíblia conta que, logo após ter sido batizado por seu primo João Batista no rio Jordão, Jesus Cristo viveu durante 40 dias no deserto, em recolhimento e oração. Enquanto era conduzido pelo Espírito Santo, também foi tentado pela figura do Diabo. O recolhimento e as tentações que Jesus viveu são relembrados pelos cristãos nos 40 dias que antecedem a Páscoa. Durante esse tempo de reflexão, denominado Quaresma, os católicos seguem rituais litúrgicos e dão atenção especial ao jejum e à abstinência de carne. O ápice da Quaresma se dá justamente no Domingo de Páscoa, quando é relembrada a ressurreição de Cristo. Porém, não são apenas os católicos que se reservam a um período de reflexão e à busca por crescimento espiritual.
Mesmo sem períodos específicos, outras religiões também guardam o momento de contrição, embora não usem a denominação Quaresma. Para o pastor evangélico da Segunda Igreja do Evangelho Quadrangular de Tapejara,Celso Martins, a abstinência da pessoa que tem fé não precisa obedecer a um período específico. “As orações e o jejum têm um objetivo único e forte, que é a capacidade de o fiel se fortalecer e se sensibilizar para as questões espirituais.” O pastor explica que os evangélicos fazem propósitos de abstinência com outros alimentos ou hábitos, além da carne. “E cumprimos o nosso voto antes mesmo de receber a bênção tamanha é nossa crença que quando pedimos somos atendidos”, completou.
O padre Élio Marsiglio, pároco local, afirma que a Quaresma deve ser vivenciada como período de recolhimento e conversão. “A Quaresma não é o período de se fazer barganha com Deus. Devemos, sim, aperfeiçoar o que somos e, fazer uma revisão de nossas atitudes”, disse. De acordo com ele, o jejum de carne está relacionado ao sangue que Jesus derramou na cruz, por isso na sexta-feira santa não se come carne de animais de sangue quente. “A penitência nos faz valorizar o que temos”, finalizou.
Práticas de reflexão
Catolicismo
A religião católica é a que mais se identifica com a Quaresma, período em que os fiéis se preparam para a Páscoa e refletem sobre seus atos em relação ao próximo. Como forma de sacrifício, fazem jejum, especialmente de carne, e relembram a ressurreição de Cristo, para expiação dos pecados de todos os católicos.
Judeus
Na mesma época da Páscoa cristã, a religião judaica comemora o Pessach e lembra a libertação dos judeus escravizados no Egito, cerca de 1.400 anos a.C. Os judeus substituem os alimentos com fermento pelo matsá, pão feito apenas de farinha e água. O livro Hagadá é lido durante todo o período e, no jantar do Pessach, recordam os tempos de escravidão e a união do povo judeu.
Islâmicos
Os muçulmanos não comemoram a Páscoa, mas também reservam um mês para relembrar fatos históricos da religião. Entre julho e agosto deste ano, os muçulmanos realizarão o Ramadã para se lembrarem da revelação do livro sagrado “Alcorão” ao profeta Maomé. Durante esse mês especial, os muçulmanos praticam o jejum do nascer ao pôr do sol.
Budistas
Para o Budismo, a preparação da alma deve ser algo cotidiano, sem se limitar a datas específicas. A reflexão dos budistas é realizada por meio da meditação, geralmente num estado de concentração mental profunda. Os budistas acreditam que o ato de meditar garante bons pensamentos, que, consequentemente, geram mais bondade aos praticantes.
Evangélicos
Os evangélicos lembram que não só Jesus jejuou e se penitenciou por 40 dias. Eles citam Moisés, que subiu o Monte Sinai para receber as tábuas dos Dez Mandamentos e jejuou por igual período. Na religião evangélica, o jejum deve ser feito para o fortalecimento espiritual e não por força de uma data como a Quaresma.
Batistas
A Igreja Batista lembra o significado do número 40, presente em várias históricas bíblicas: o dilúvio vencido pela Arca de Noé durou 40 dias; Jesus permaneceu no deserto durante 40 dias e 40 noites; Davi reinou por 40 anos; e quatro décadas também foi o tempo da caminhada dos israelitas pelo deserto até a terra prometida.
Luteranos
Embora considere a Quaresma dentro de seu calendário litúrgico, a Igreja Evangélica Luterana não reserva à data qualquer ritual específico. Acontece, porém, de algumas congregações luteranas repetirem a Igreja Católica e colocarem cinzas sobre a cabeça do fiel, para que ele se lembre de se arrepender diariamente dos pecados.
Espíritas
O espiritismo não condiciona as atividades de seus fiéis a qualquer tipo de ritual litúrgico. Os espíritas buscam a prática da caridade como meio de modificação e melhoria espiritual. Para a religião espírita, a mudança do ser humano deve ser buscada constantemente e não apenas no período que antecede a Páscoa.
Religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda)
Os fiéis do candomblé e da umbanda praticam o jejum em dias de trabalhos espirituais e não limitam a prática somente ao período da Quaresma.

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