sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tatuagem: a decisão que vai além do desenho

A decisão de realizar uma tatuagem, em qualquer momento da vida, deve ser muito bem ponderada. Embora não exista dados oficiais, acredita-se que menos de 10% da população brasileira é tatuada, mas esta média se concentra na população jovem, onde mais da metade possui pelo menos uma tatuagem no corpo. De acordo com o tatuador Vanderlei Toson, que passa temporada em Tapejara, a crescente procura por tatuagens acontece porque o preconceito diminuiu e porque a mídia influencia diretamente nisso, mostrando que os desenhos no corpo não estão ligados à falta de caráter, como muitos pensavam.
Toson, que tatua há mais de 20 anos, diz que são necessárias três escolhas para fazer uma tatuagem: um bom tatuador, um local adequado no corpo e um desenho que não seja motivo de futuros arrependimentos. “O tatuador tem o dever de conversar com a pessoa para saber se sua decisão é bem fundamentada”, explica. E ele afirma que faz isso, principalmente quando se trata de tatuagens com nomes de namorados. “Procuro orientar porque uma tatuagem inadequada pode causar uma frustração muito grande no futuro”, disse. Além do erro de desenho, um risco mal feito ou tintas e agulhas de má qualidade também estão na lista de desagrados. O arrependimento pode custar caro, pois o desenho precisa ser retirado com sessões de laser que causam dor e deixam marcas na pele. Em locais sem higiene e com uso inadequado de materiais há riscos de contrair doenças, como a hepatite, ou desenvolver quelóide na pele.
Todos estes fatores estão ligados à falta de informação. No Brasil existem cerca de 3 mil tatuadores profissionais, mas o número de amadores é muito superior. Eles oferecem preços atrativos e ganham rapidamente clientes que não se informam sobre seus trabalhos e acabam marcando o corpo para sempre com um desenho mal feito. “Em Tapejara, 80% dos trabalhos que faço é consertar tatoos mal feitas”, comentou Toson. De acordo com o tatuador, os jovens de 14 a 18 anos precisam de autorização dos pais ou responsáveis para fazer um desenho no corpo. “Porém, mais importante que a autorização é a conscientização. É necessário ter a certeza do que quer e não fazer simplesmente para entrar numa tribo. Mas infelizmente nem todos os tatuadores têm esta preocupação, eles pensam somente em faturar”, frisou Toson.
Para os piercings as regras são as mesmas: informações, bons profissionais e cuidados essenciais para não ocorrer inflamações no local perfurado. Outra técnica bastante utilizada atualmente é a maquiagem definitiva, que tem a função de corrigir imperfeições, principalmente na sobrancelha e boca. Os cuidados para esta arte são os mesmos exigidos para tatuagens, devendo haver retoques a cada dez anos. O tatuador Toson não cobra pelos retoques de seus trabalhos, “vendo uma arte definitiva por isso não cobro”, disse.
Assim como toda a arte, as tatoos também estão sujeitas ao modismo. Em alta estão as escritas, em forma de palavras, frases ou trechos de músicas. Os homens têm como local preferido para tatuar as costas e braços, pois gostam de expressar virilidade; já as mulheres fazem mais tatuagens na virilha e pés, pois relacionam o desenho à sensualidade.

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