Aquela pergunta clássica: “O que você vai ser quando crescer?” ou “Qual faculdade você pretende fazer?” se torna mais complexa e é apontada como motivo de preocupação entre adolescentes, acentuado também pela disputa por uma vaga.
De acordo com a psicóloga Daniela Dametto, a insegurança nesta fase da vida é comum. “Na adolescência, os jovens começam a ter maior contato com a realidade de cada profissão, que envolve suas dificuldades e prazeres. Dúvidas relacionadas aos seus ganhos, ao tempo de faculdade, à concorrência no vestibular, podem levá-los a um processo de ansiedade, por ser, muitas vezes, a primeira decisão com implicações para a vida futura”. Uma saída alternativa é a orientação vocacional. Teste, geralmente sob forma de entrevistas, conversas e questionário que busca identificar habilidades pessoais indicado para àqueles que ainda se questionam em relação ao futuro profissional. “A orientação tem o objetivo principal de levar os jovens ao autoconhecimento. Cabe a eles esta decisão”, frisou a psicóloga.
Para os especialistas em neurociência, o reconhecimento de habilidades deve ser estimulado logo nos primeiros anos de vida. A psicóloga diz acreditar que “quanto mais cedo o jovem for exposto a situações de escolha, principalmente, em relação às pequenas decisões, maior será a sua segurança no futuro”. A orientação vocacional deve ser buscada quando chega o momento de optar por um curso superior e o jovem ainda sente-se confuso.
Portanto, antes de sair por aí desesperado para conhecer o máximo de todas as profissões, condições de mercado, salários e possibilidades de crescimento, e assim decidir sobre qual carreira seguir, é preciso procurar conhecer a si mesmo. A dica não é dada só por profissionais acostumados a lidar com aconselhamento profissional, mas por estudantes que já optaram por uma carreira.

Aroldo conta que a necessidade de autoconhecimento foi uma iniciativa dele mesmo, baseado na consciência pessoal que ele tinha de que era preciso escolher uma carreira que lhe realizasse e que despertasse paixão. Ele afirma que esse processo foi elaborado com influência de seu professor e teve como base a aptidão, as oportunidades pessoais e o mercado de trabalho.
Outro ponto a ser levado em consideração é a quantidade de cursos que existem atualmente. Surgem cada vez mais cursos, que diversificam as oportunidades e o mercado de trabalho. Mas a falta de divulgação desses novos cursos por parte das universidades e do interesse dos alunos em relação a eles acaba por intensificar o mercado das profissões tradicionais e as notas de corte nos vestibulares dessas carreiras crescem a cada ano.
Medicina sempre figura no topo da lista dos cursos mais concorridos. Há alguns anos a Publicidade conquistou o segundo lugar, onde se firmou e atinge grandes médias nas principais universidades do país. Os demais cursos mais procurados são: Nutrição, Farmácia, Computação, Direito, Relações Internacionais, Arquitetura e Urbanismo, Enfermagem e Psicologia.


Dinheiro
Não há como negar que a questão financeira pesa na escolha dos vestibulandos. Afinal, é normal esperar por retorno financeiro depois de anos de dedicação. A psicóloga Daniela explica que a questão financeira e de mercado deve ser levada em consideração, mas alerta que entrar na universidade pensando somente no mercado é um risco, pois durante os anos da faculdade até a formatura essa conjuntura pode ter sofrido uma série de modificações. Para ela é fundamental que exista a realização profissional, afinal sem ela com certeza o mercado irá "engolir" este profissional.
Peso familiar
Por mais que muitos estudantes digam que não são influenciados pela pressão familiar, a realidade nem sempre é essa. Para a psicóloga entrevistada, as atitudes dos pais influenciam desde a infância, a partir do brinquedo que o pai dá para seu filho, até o modo como conversa sobre a escolha profissional. Segundo ela, ao se escolher a profissão, que pode ser a primeira grande decisão deste jovem, ele deseja a participação, ainda que inconscientemente, do pai. Mesmo que não pretenda segui-la. A influência familiar não deve ser encarada de forma negativa. “É importante a participação dos pais neste processo decisório. No entanto, a decisão final cabe ao vestibulando. Aos pais resta o apoio. O papel do pai é instruir e não forçar uma situação”, finalizou.