sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Copercicla dá exemplo de Sustentabilidade

Cooperativa de Recicladores já é reconhecida no estado pela iniciativa

A Copercicla Cooperativa de Recicladores de Resíduos Orgânicos e Inorgânicos de Santa Cecília, fundada há 7 anos, foi destaque em Seminário Regional, realizado em Rio Grande, no dia 20/08, com o tema O Saneamento e a Gestão dos Resíduos Sólidos. Evento que contou com a presença de aproximadamente 400 pessoas.
No seminário foram debatidas questões relacionadas à legislação para a destinação de resíduos sólidos e mostrados alguns exemplos de ações concretas para a gestão de resíduos.
Um dos painéis apresentados foi relacionado a Copercicla, representada na ocasião pelo coordenador de Projetos, João Pelissaro, e devido a importância do trabalho da cooperativa despertou o interesse de muitos municípios e até mesmo do coordenador Regional da Funasa, Gustavo de Mello, que esteve em Tapejara para uma coletiva de impresa e visitar as instalações da cooperativa no interior do município de Santa Cecília do Sul, no dia 2/08.
Conforme destacou Gustavo, a Funasa – Fundação Nacional da Saúde tem tratado o saneamento como uma questão principalmente de saúde publica, “de acordo com as metas do milênio, precisamos até 2015 sanear os problemas com a destinação correta dos resíduos sólidos, conforme o IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada), em seu relatório sobre o custo para destinação do lixo são gastos cerca de 8 bilhões, nós queremos buscar novas formas de reciclar, incentivando iniciativas como a da Copercicla” – enfatizou.
Explicou ainda que a cooperativa esta realizando um trabalho de coleta seletiva na Reserva Indígena do Ligeiro, em Charrua, uma vez por semana, devido ao Ministério da Justiça ter determinado a Funasa um Termo de Ajustamento de Contas, “essa parceria proporcionou a Copercicla estar recebendo nos próximos dias 01 retroescavadeira e 01 peneira rotativa de pré seleção para o lixo orgânico”. O investimento será de aproximadamente R$ 222 mil, sendo R$ 200 mil da Funasa e R$ 22 da Prefeitura Municipal de Santa Cecília do Sul.
“No seminário regional, 22 prefeitos se comprometeram a implantar a coleta seletiva, pois temos uma legislação que regulamenta e preconiza que os municípios devem elaborar Planos Municipais de Saneamento Básico, na Portaria 1014 há critérios e procedimentos descritos para a aplicação de recursos para a elaboração e implantação do plano, conforme dispõe a Lei nº 11.445/07. Os gestores públicos precisam estar atentos porque a partir de 2013 os municípios que não elaboraram o plano poderão não ter disponíveis verbas do governo Federal para serem aplicadas nessa área” – alertou Gustavo.
Finalizou a entrevista dizendo que “todos os município precisam ter soluções para a gestão dos resíduos para os próximos 04 anos, mas com horizonte de 20 anos, é importante que a sociedade saiba o que está sendo feito e participe ativamente destas ações”.
A reportagem do NT procurou saber mais sobre o trabalho realizado na Copercicla e fomos visitar a cooperativa na comunidade de Vista Alegre.
Conforme contou João Pelissaro, entusiasmado e coordena o trabalho com otimismo, a cooperativa conta com 62 associados ativos, que trabalham todos os dias, na coleta e separação do lixo. Com relação aos números João destacou que, “48% do resíduo é orgânico, 30% é reciclável e 22% é rejeito (aquilo que não pode ser reaproveitado)”.
O lixo orgânico, restos de alimentos (carnes, vegetais, frutos, cascas de ovos), papel, madeira, ossos, sementes, entre outros é destinado para a compostagem onde posteriormente se destina para a adubação, “os equipamentos que foram repassados pela Funasa servirão para agregar mais qualidade ao adubo produzido aqui, pois na antiga peneira há a impossibilidade de fazer com que ele fique homogêneo” – explicou o coordenador.
A Copercicla presta serviço para 8 municípios da região realizando a coleta seletiva em 03 deles (Santa Cecília do Sul, Tapejara e Charrua).
O lixo reciclável, vidro, papel, metal e plástico são separados em grandes fardos e comercializados com empresas que fazem o reaproveitamento desses materiais e “o lucro é revertido totalmente em benefícios aos associados que decidem através de assembléias os investimentos que serão feitos” – frisou.
Já o rejeito, que são geralmente fraldas, absorventes, isopor, calçados, roupas, embalagens laminadas como as de salgadinhos, louças de cerâmica, tem outro destino, são prensados e acondicionados ao aterro sanitário, que no caso da cooperativa são valas enormes revestidas com uma lona impermeável que evita que o chorume entre em contato com o meio ambiente, “as valas destinadas ao aterro seguem as normas da Fepam, que regularmente fiscaliza o trabalho, uma vala pode comportar na nossa realizada os resíduos não aproveitáveis por cerca de 7anos, caso o lixo não fosse separado em 7 meses estaria cheia”-explicou.
A cooperativa está em fase de orçamentos de uma parceria firmada com o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento, que destinará cerca de R$ 900 mil que serão aplicados em infraestrutura, com a construção de um pavilhão novo que aumentará a capacidade de descarga e armazenamento, 01 esteira de seleção, 02 caminhões, 01 prensa com capacidade para 28 toneladas, 01 empilhadeira, 01 balança rodoviária e a aplicação de R$ 50 mil em cursos de capacitação para os catadores.
Realiza também atividades educativas junto as escolas, para iniciar a conscientização, principalmente da importância de separar o lixo seco do orgânico, “apesar de todas as campanhas e de orientações ainda é pouco o numero de pessoas que separa o lixo em suas casas, ainda as equipes de coleta encontram lixo seco na cestinha de orgânico ou então misturado nas sacolas, isso prejudica bastante o trabalho e mostra também o quanto ainda precisa ser feito para melhorar”.
Há ainda um incentivo concedido aos trabalhadores que voltarem a estudar, pois como informou Pelissaro, “os associados aprovaram em assembleia de dezembro dar aos interessados uma ajuda mensal para os interessados em continuar os estudos já que a grande maioria tem o ensino fundamental incompleto, no entanto, sentimos que nenhum esteja usufruindo deste beneficio e já estamos pensando em outras possibilidades de disponibilizar acesso ao ensino”.

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