sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O novo perfil do professor

Mudanças sociais e comportamentais exigem o mesmo do professor que a cada dia molda seu perfil

A partir do ano que vem o Governo Federal está criando o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente, que deve servir de referência para a contratação na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental em todo o país, para estabelecer parâmetros de qualidade na hora de escolher quem vai lecionar para nossas crianças. Segundo o projeto os futuros professores deverão apresentar características importantes que contam em uma lista de 20 itens.
A reportagem do NT aproveitou o tema e a data que comemorou o Dia do Professor, 15/10, e entrevistou profissionais do ramo, pois nos muros das escolas, entre as paredes das salas de aula, nas reuniões, nas conversas entre um período e outro o assunto de todos os professores é que estamos vivendo épocas de transformações sociais e globais muito rápidas e para promover a aprendizagem dos alunos é fundamental desenvolver-se continuamente: olhar para a própria trajetória profissional, perceber falhas, saber o que ainda falta aprender e assumir o desafio de ser melhor a cada dia. Uma verdade nos corredores educacionais é que não é mais possível dar aulas apenas com o que foi aprendido na graduação. Ou achar que a tecnologia é coisa para especialistas.
Antes a principal função do professor era passar o conhecimento aos alunos. Jean Piaget, Lev Vygotsky e outros estudiosos mostraram que o que realmente importa é ser um mediador na construção do conhecimento e isso requer uma postura ativa de reflexão, autoavaliação e estudo constantes.
Tudo isso, é claro, porque os alunos também não são os mesmos de décadas atrás - longe disso. Com a democratização do acesso à internet, no fim dos anos 1990, passamos a ter nas escolas crianças que interagem desde cedo, se comunicam mais, o que exige um olhar diferente sobre o impacto disso na aprendizagem.
Conheça agora os quatro profissionais que já incorporaram as qualidades do novo educador à rotina e comprovaram que se aperfeiçoar faz toda a diferença na aprendizagem.
Conheça agora essas características:
1 - Ter boa formação
A partir da década de 1980, com os debates e os movimentos sociais, foi intensificado o processo de formação docente, que culminou com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9394/96. Nesse quadro referencial, esta lei estabelece, em seu Art. 62, que “a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação”.
Conforme destacou o diretor do Instituto Anglicano Barão do Rio Branco de Tapejara, o também advogado, Gilberto Scariot, ”no Brasil investir no professor é atender o que preceitua o inciso III, do art. 1º, da Constituição Federal, que tem como fundamento a dignidade humana. Sim, as pessoas somente terão condições de sentirem-se dignas se tiverem acesso a uma verdadeira educação e para isso o mestre deve estar extremamente pronto para este processo. Claro que é necessário, além de bom salário e infraestrutura, uma sistemática de formação continuada, que visam às mudanças em cognições e práticas, fazendo com que os profissionais tenham o domínio de novos conhecimentos e consigam novas posturas e formas de agir”.
2 - Usar as novas tecnologias
Não se pode negar a influência das novas tecnologias em nosso cotidiano, o acesso a elas também é fácil, estimasse que no Brasil a porcentagem de casas com microcomputador saltou de 12,6% em 2001 para 22,1% no ano passado. Segundo o IBGE o microcomputador está presente em 9.857 milhões de domicílios - a maior parte deles, com acesso à Internet, isso sem mencionar telefones celulares, IPhones e outros aparelhos que possibilitem a conexão instantânea de informações e com o mundo.
Segundo a coordenadora do Polo da Universidade Aberta de Tapejara, a mestre em Educação e coordenadora do Polo UAB de Tapejara, Loreci Biasi, “acredito que as características elencadas trazem a tona uma reflexão muito importante: a de se estar em contínua formação e dessa faz parte às novas tecnologias. No entanto é valioso destacar que as novas tecnologias devem estar presentes nas escolas como uma metodologia de ensino- aprendizagem e que se insere como forma de conectar o trabalho do professor com o cotidiano do aluno, que está inserido nas TICS – tecnologias de informação e de comunicação e não tão somente como algo vago. Penso que a formação continuada do professor deve ser concebida como reflexão, pesquisa, ação, descoberta, organização, fundamentação, revisão e construção teórica e não como mera aprendizagem de novas técnicas, atualização em novas receitas pedagógicas ou aprendizagem das últimas inovações tecnológicas. É preciso que o professor esteja imbuído de compromisso e responsabilidade, seja portador de competências, habilidades e atitudes que o capacitem a ultrapassar obstáculos de toda ordem, para a consecução de seu objetivo primeiro: a formação de sujeitos para o exercício pleno de sua cidadania. Neste sentido, é certo pontuarmos que o perfil do professor deve, hoje, ter o perfomance de estar aberto às mudanças que a tecnologia proporciona e usá-la como ferramenta para mediar seu trabalho, pois como diz Saviani, se é verdade que a boa escola é imprescindível para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, é certo também que são indispensáveis bons professores, pois sem eles não há boa escola”.
3 - Planejar e avaliar sempre
Planejar é estudar, organizar, coordenar, ações a serem tomadas para a realização de uma atividade visando solucionar um problema ou alcançar um objetivo. Na educação o planejamento envolve a integração do professor-aluno com as relações sociais - econômicas, políticas, culturais – bem como os elementos escolares – objetivo, conteúdo, métodos, como a função de explicitar princípios e execução das atividades escolares e possibilitar as ações do professor na realização de um ensino de qualidade, evitando a monotonia e a rotina e o desinteresse do processo ensino-aprendizagem, assim como proporciona aos alunos conhecer a realidade social através dos conteúdos programados e planejados.
Para a secretária Municipal de Educação de Tapejara, Vânia Panisson, “o planejamento Educacional é um processo contínuo que se preocupa com o 'para onde ir' e 'quais as maneiras adequadas para chegar lá', tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do indivíduo. Neste planejamento inclui-se também a formação do professor. Com certeza este profissional deve estar plenamente preparado para assumir a função de educador e para tanto conhecer a quem deve ensinar. O professor preparado é aquele que planeja através da avaliação obtida, isso pressupõe que avaliação e planejamento não existem isolados, mas sim caminham juntos, é na sala de aula que irá refletir os resultados do planejamento, é o buscar sempre, inovar, construir coletivamente parcerias. O professor comprometido é aquele que participa e conhece o Projeto Político-Pedagógico da escola onde expõe a visão acerca da missão da unidade escolar, direcionando os critérios através dos quais as práticas docentes que estão sendo desenvolvidas, sejam avaliadas. Porém, é preocupante saber que ainda tenhamos resultados negativos em relação ao ensino por falta de planejamento, mas acreditamos que as mudanças aconteçam a partir do querer comprometer-se, tendo a certeza que este é o caminho, pois sozinho não há construção do saber”.
4 - Ter atitude e postura profissionais
A educação tornou-se, ao longo do tempo, uma força cultural que se encontra em permanente estado de invenção e reinvenção social. Como qualquer profissional, o professor precisa assumir uma postura e ter atitudes. Em algumas décadas passadas repassar o conhecimento, ser competente e dominar bem os aspectos técnicos da sua profissão eram requisitos para ser considerado um bom professor, no entanto, hoje, é preciso muito mais do que isso para se diferenciar no mercado de trabalho e na sala de aula.
Segundo a secretária de Educação de Ibiaçá, Evandra Rossi, “o que diferencia um bom profissional é a dedicação e o interesse em trabalhar com toda a comunidade escolar, e principalmente o comprometimento que o docente tem em se manter atualizado, buscando sempre mais conhecimentos na missão de formar cidadãos críticos é de tal importância para toda comunidade, pois é na escola que começamos construir o futuro. A base da educação que direciona nossa sociedade na responsabilidade perante o ano letivo, alunos, disciplinas e a profissão são primordiais, o comprometimento com a Escola, direção, alunos e pais, no direcionamento dos assuntos disciplinares do Projeto Político Pedagógico, Regimento, Planos de Estudos e demais projetos que fazem parte do cotidiano escolar”.
E onde estão esses profissionais? Quem sabe na sua escola, na sua sala de aula ou até mesmo em seu passado, todos nós conseguimos listar ao menos quatro professores que nos ensinaram algo importante. Mas será que existe professor (a) ideal? Essa pergunta ficará sem resposta, pois pouco serve idealizar educadores. Porém é possível apontar qualidades de gente de verdade, que faz um bom trabalho em condições reais. Obrigado Professores!

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