segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Deuses não têm descanso

Desde que este mundão existe, os homens vivem envolvidos com os deuses, ou os deuses se envolvem com eles. Que se entendam, mas duvido muito!
Duas grandes civilizações surgiram tão poderosas ao ponto de dividirem entre si, em Ocidente e Oriente, o que chamamos de nosso mundo.
Do Ocidente nasceu a religião cristã que aos poucos foi conquistando espaço territorial e espaço nas organizações governamentais que iam dominando cada país existente ou descoberto. Esse relacionamento arriscado entre religião e governo custou caro às populações medievais, principalmente entre os anos 600 a 1200. Uma nuvem negra de terror cobriu o continente europeu, principalmente, e correu aos quatro ventos. O obscurantismo da época causou estragos dispendiosos aos monarcas e ao clero, cada vês mais rico e influente.
Dissidências nos dogmas de fé trincaram o mosaico católico criando inúmeras seitas paralelas. Muitas delas foram abraçadas por países poderosos e belicosos, sendo assim levadas aos outros continentes, inaugurando o confronto de princípios religiosos. Choque de civilizações que até hoje é uma realidade. A religião católica absorveu a monarquia, a autocracia, a ditadura, o parlamentarismo liberal e, soberbamente, a democracia. Adaptou-se para sobreviver, tornar-se muito mais forte e crescer segundo suas orientações dogmáticas.
Da sua capacidade de assimilar o que a modernidade e as mudanças de costumes e valores que os homens e as mulheres conquistaram, emana o poder que sempre exerceu. Tanto nos rituais, como na linguagem, passando pelas vestimentas, a Igreja Católica soube ser moderna, sem arranhar sua pedra fundamental.
Do oriente, com suas milenares civilizações nasceram várias tendências religiosas, muitas delas apenas alicerçadas nas palavras e no raciocínio de filósofos extraordinários. Buda (Sidarta) e Confúcio são as colunas mestras deste templo a céu aberto. Muito distantes das nossas crenças, pois pregavam o desprendimento das coisas materiais. São mais consideradas seitas, pelos seus princípios, do que doutrinas religiosas propriamente ditas, carregadas de proposições incontestáveis e indiscutíveis, como cristianismo, islamismo e judaísmo.
De todas as religiões orientais nenhuma chega próximo ao Islã, em poder, força, submissão e radicalismo. Surgiu por volta dos anos 500 a 600 e varreu as dezenas de países da África, da Indonésia e da Ásia principalmente, o que corresponde a mais de um terço da população existente no planeta. Uma imensa gleba de fiéis acostumados à obediência sem contestação, perigosamente governados por teocracias absolutistas, onde o Estado e a Religião se confundem, mas é ela quem tem a palavra final. Falta ao islamismo a humildade de se adaptar, para beneficiar seu povo, aos sopros modernos da liberdade.
Difícil mesmo vai ser convencer os sheiks, de que não são pequenos deuses e nem os aiatolás, de que não são deuses poderosos. A Democracia parece querer chegar, sem pressa, correr naquelas montanhas de areia não deve ser fácil.
Ainda bem que Alá tem a eternidade a seu favor.

delmardesertao@itake.net.br

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