quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Afastamentos por doenças mentais disparam no país

O mercado de trabalho tornou-se um foco de doenças como depressão e estresse. A tendência já se reflete em forte aumento no número de brasileiros afastados pelo INSS por esse tipo de problema de saúde.
As concessões de auxílio-doença acidentário -que têm relação com o trabalho- para casos de transtornos mentais e comportamentais cresceram 19,6% no primeiro semestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse aumento foi quatro vezes o da expansão no número total de novos afastamentos autorizados pelo INSS. Nenhum outro grupo de doença provocou crescimento tão forte na quantidade de benefícios de auxílio-doença concedidos entre janeiro e junho deste ano.
O médico Geanpaolo Aver considera que o aumento no número de pessoas afastadas do trabalho por doença mental não reflete que o problema está crescente, mas sim que antes não havia diagnóstico para os sintomas. “Existem pessoas que tiveram depressão uma vida inteira e nunca foram tratadas. Hoje, com os avanços da medicina, é possível diagnosticar e tratar o que é conhecido como o mal do século”, disse.
A vida atribulada com a correria do dia a dia, o acúmulo de funções e até mesmo o excesso do uso de mecanismos tecnológicos são algumas causas do estresse, depressão, ansiedade, distúrbio do pânico e outras doenças mentais. De acordo com Aver, ao surgirem e permanecerem por mais de três semanas os primeiros sintomas (tristeza e falta de vontade de fazer as coisas) é necessário procurar um médico. “Um clínico geral tem condições de diagnosticar e conduzir o tratamento. Claro que existem casos que serão encaminhados para psicólogos e psiquiatras”, frisou.
Os transtornos mentais acometem, em algum momento da vida, ao menos 20% da população mundial. No Brasil, os cuidados com a saúde mental no sistema público sofreram uma reforma que começou há quase 20 anos e que procura evitar as internações em hospitais psiquiátricos, criando mecanismos de diagnóstico e tratamento mais amplos, com equipes multidisciplinares. Um dos exemplos da mudança é a criação dos Centros de Atenção Psicossocial, os Caps, implantados no Brasil em 1986 e que hoje já somam 1.620 em todo o país.
Apesar das mudanças, o médico Geanpaolo Aver considera a rede de atendimento público ainda insuficiente. O Hospital Santo Antônio possui um único leito psiquiátrico, que é ocupado dependendo da necessidade da micro ou macrorregião. “Há uma tendência para que todos os hospitais psiquiátricos sejam fechados. Não acredito que esta medida seja benéfica, pois os hospitais regulares não terão tantas vagas para suprir a demanda”, disse.
As doenças psiquiátricas mais comuns na população são a depressão e os transtornos de ansiedade. “Hoje a depressão é o segundo maior problema de saúde pública no mundo, de acordo com dados da OMS [Organização Mundial da Saúde]. É importante a população saber que transtornos depressivos e ansiosos são comuns e causam grande impacto", explica o psiquiatra.
Segundo ele, é preciso diferenciar sofrimentos emocionais comuns de um transtorno depressivo. "Não é qualquer tristeza que é depressão. No caso da doença, há uma tristeza profunda, o indivíduo tem um grande grau de sofrimento, desânimo acentuado e há a perda da vontade e da capacidade de realizar tarefas. Nesses casos, a família geralmente fica mobilizada e o indivíduo fica inativo, improdutivo."
Há duas linhas complementares de tratamento para os transtornos mentais comuns: o farmacológico, com remédios, e o psicoterapeutico, com diferentes tipos de terapia. Para a depressão e ansiedade geralmente são ministrados antidepressivos, que variam de acordo com a natureza do caso.

Caps será implantado em Tapejara

Já está em fase de conclusão a documentação para implantação do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) em Tapejara. “Isso é muito gratificante porque conseguiremos prestar um serviço melhor ainda”, disse a psicóloga Renata Rebesquini.
A reforma do sistema psiquiátrico brasileiro criou os Caps e tenta ainda minimizar as internações psiquiátricas. A ideia é que a hospitalização seja realizada apenas em casos graves, ao contrário do que ocorria antes, quando os manicômios eram uma das poucas opções para quem sofria de doenças mentais.
Hoje existem em todo Brasil 1.620 Caps, que oferecem tratamento multidisciplinar com psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, clínicos gerais e terapeutas ocupacionais. Para casos de dependência química e de álcool e atendimento infantil há Caps especializados.

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